Projeção estima que hospitalizações em UTIs com pacientes infectados pelo coronavírus devem cair até meados de setembro. Autoridades alertam, entretanto, para a manutenção do distanciamento social.
Um estudo elaborado por pesquisadores das áreas de medicina, economia e matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) projeta que o pico de internações de pacientes com Covid-19 em UTIs de Porto Alegre deve ser atingido em 20 de agosto. O índice só começa a cair entre o final deste mês e o começo de setembro, informam os especialistas.
Os números mostram o avanço da doença na Capital e ajudam a entender os reflexos nas hospitalizações. A taxa de ocupação de leitos de UTI adulto em hospitais na Capital, conforme a Secretaria Municipal da Saúde, era de 89,6% até as 18h55 desta terça, com 332 pacientes.
O modelo indica que o topo de internações em unidades de terapia intensiva ocorreria na metade da próxima semana, com cerca de 400 pacientes. Depois, cairia para 300 pacientes até 16 de setembro, até 200 em 5 de outubro, até 100 em 2 de novembro, 50 entre o final de novembro e início de dezembro e próximo a zero em fevereiro de 2021.
No entanto, o professor Cristiano Hackmann, um dos autores do estudo, diz que é preciso olhar com cautela para as projeções a longo prazo.
“Essas previsões podem ter uma incerteza muito grande. Então, até o momento, o nosso estudo não pretende dizer exatamente quando vai ser o fim da epidemia, porque não temos condição disso. De fato, só uma vacina mesmo pode dar uma tranquilidade nesse sentido”, afirma o matemático.
As flexibilizações recentes em Porto Alegre podem interferir nessas previsões, mas é preciso aguardar os próximos dias pra atualizar o estudo. Com base em experiências de outras cidades e no número de pessoas infectadas pelo coronavírus na Capital, a Secretaria Municipal de Saúde avalia que o cálculo apresentado condiz com a realidade.
“Já faz uns 10 ou 15 dias que está estabilizando. Mas, ao mesmo tempo, a gente concorda que o número de pessoas suscetíveis, o momento mais intenso de contaminação, deve durar ainda algumas semanas, não muito mais que isso”, afirma o secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer.
As projeções podem dar um pouco de conforto e esperança, mas as autoridades e especialistas lembram que é preciso manter os cuidados para que a capacidade máxima das UTIs não seja alcançada e que ninguém fique sem leito.
“Pelas nossas projeções, há chance de chegar muito próximo ou passar um pouco da quantidade máxima de leitos UTI Covid disponibilizados em Porto Alegre”, alerta Cristiano.
“Até hoje, a melhor forma de evitar a transmissão, talvez a única, neste momento, é evitando contatos desnecessários, higienizando as mãos com frequência, utilizar a máscara, manter lugares arejados e evitar aglomerações”, completa o secretário.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o Rio Grande do Sul registrou, nesta terça-feira (11), 2.472 óbitos por Covid-19, dos quais 467 de moradores de Porto Alegre.