A duas semanas de divulgar os resultados financeiros do terceiro trimestre, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, pede calma aos investidores. “A mensagem para nossos acionistas é: acreditem na Embraer e tenham um pouquinho de paciência porque vamos chegar lá”, diz.
Segundo ele, a reestruturação feita na companhia e o planejamento estratégico para os próximos cinco anos tornarão a Embraer maior do que era antes da crise da covid-19 e de sofrer o revés da Boeing. Em abril, a americana anunciou que não concluiria a compra da divisão de aviação comercial da brasileira, um acordo de US$ 4,2 bilhões. No projeto para os próximos anos, a Embraer prevê corte de custos e diversificação, além de apostar em uma recuperação do setor a partir de 2022.
No mercado, porém, há certa desconfiança, dado que aviões usados ociosos podem dominar as vendas nos próximos anos. Entre os cortes de custos promovidos até agora, está a demissão de 2,5 mil funcionários (12,5% do total). Gomes Neto, no entanto, diz não ser possível descartar novos cortes enquanto a crise não acabar. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.
1) A Embraer atravessa a crise da covid precisando também se recuperar do acordo fracassado com a Boeing. Foi um erro tentar a parceria com a Boeing?
Não. A parceria foi um movimento estratégico importante para as duas companhias. Infelizmente não deu certo. Então vamos continuar a nossa vida, reintegrando a área de aviação comercial.
É verdade. O processo da separação da aviação comercial foi complicado. Envolveu custos enormes. Isso está na arbitragem nos Estados Unidos. Enquanto isso, vamos fazer a lição de casa para superar a crise e preparar a companhia para crescer.
2) A Embraer dizia que o acordo com a Boeing era essencial porque o setor estava se consolidando e a empresa ficaria fraca para competir com gigantes como a Airbus. Se o acordo era tão importante, como sobreviver sem ele?
Como disse, acho que na época foi um movimento estratégico correto. Infelizmente não deu certo. Agora também tivemos uma mudança grande no panorama, com a covid. O que posso dizer é que temos avançado rapidamente na reintegração da aviação comercial e fizemos um plano estratégico para 2021-2025. Ele é robusto e traz uma perspectiva boa de crescimento e de melhora de rentabilidade.
3) Soube que estão sendo mantidos dois sistemas de gestão, que vão ‘conversar’ entre si. Seria como um ‘zíper’, cujos lados podem ser separados caso haja uma venda para outra empresa. Novos acordos estão no radar?
Estamos fazendo essa integração de forma inteligente. Onde faz sentido voltar ao que era antes, estamos voltando. Onde não faz sentido, estamos mantendo, mas trabalhando para simplificar os processos e torná-los mais ágeis, recuperando sinergias. Isso não tem a ver com a estratégia da companhia. Não temos plano de vender a aviação comercial ou nenhuma outra unidade de negócios neste momento. Mas estamos abertos a parcerias que nos permitam abrir novos negócios para a companhia, desenvolver produtos e crescer.
4) A Embraer dizia que o acordo com a Boeing era essencial porque o setor estava se consolidando e a empresa ficaria fraca para competir com gigantes como a Airbus. Se o acordo era tão importante, como sobreviver sem ele?
Como disse, acho que na época foi um movimento estratégico correto. Infelizmente não deu certo. Agora também tivemos uma mudança grande no panorama, com a covid. O que posso dizer é que temos avançado rapidamente na reintegração da aviação comercial e fizemos um plano estratégico para 2021-2025. Ele é robusto e traz uma perspectiva boa de crescimento e de melhora de rentabilidade.
5) Soube que estão sendo mantidos dois sistemas de gestão, que vão ‘conversar’ entre si. Seria como um ‘zíper’, cujos lados podem ser separados caso haja uma venda para outra empresa. Novos acordos estão no radar?
Estamos fazendo essa integração de forma inteligente. Onde faz sentido voltar ao que era antes, estamos voltando. Onde não faz sentido, estamos mantendo, mas trabalhando para simplificar os processos e torná-los mais ágeis, recuperando sinergias. Isso não tem a ver com a estratégia da companhia.