O governo do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Butantan, contratou nove voos que sairão da China com destino ao Brasil para o transporte das 6 milhões de doses prontas da vacina CoronaVac e do insumo necessário para a formulação e envase das outras 40 milhões de doses das vacinas no país. Ao todo, o material viajará em três voos de carga comerciais e seis voos fretados exclusivamente para trazer esse carregamento especial.
O governador João Doria (PSDB) chegou a anunciar que as primeiras 6 milhões de doses chegariam ao País até esta segunda-feira (2), mas a previsão é que o processo ainda demore entre 15 e 20 dias porque agora depende da autorização de exportação pelo governo chinês. Na quarta-feira (28), assim que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a importação dos insumos, o Butantan submeteu o pedido aos chineses.
“Nossa prioridade absoluta é que essa matéria-prima chegue ao Brasil o quanto antes para que a vacina comece a ser produzida. Pedimos ajuda à Embaixada da China no Brasil e pedimos urgência na análise. Agora estamos aguardando a resposta”, explicou Dimas Covas, diretor do Butantan.
Tanto as vacinas já prontas quanto a matéria-prima para a formulação das novas doses precisam ser transportadas refrigeradas entre 2 e 8 graus – a mesma temperatura em que é mantida a vacina da gripe, por exemplo. O insumo é líquido e vem armazenado em bolsas de 200 litros, dentro de contêineres nas aeronaves.
“Um dos diferenciais dessa vacina em comparação com as outras é que ela não precisa ser congelada, o que dificultaria e encareceria a logística. Tem vacina que precisa ser congelada a – 70 graus. Num país tropical e de dimensões continentais como o Brasil, não é qualquer vacina que dá para ser distribuída”, explicou o diretor do Butantan.
Toda a carga que sair da sede da Sinovac será rastreada e escoltada desde o momento em que sair da China com destino ao Brasil. Por aqui, após desembarque no Aeroporto Internacional de Guarulhos, caminhões farão o transporte da carga com apoio da Polícia Militar até o Instituto Butantan, onde ficarão armazenadas em um prédio não informado por questões de segurança. Os voos não acontecerão todos no mesmo dia e sim ao longo das semanas. “Essa é uma carga muito preciosa e todos os cuidados com a segurança desse transporte estão sendo tomados.”
O Butantan possui duas fábricas para formulação e envase de vacinas com capacidade de finalizar 2 milhões de doses de vacina por dia. Segundo Covas, uma unidade inteira será destinada exclusivamente para a produção das 40 milhões de doses da coronavac. “Com isso, a nossa expectativa, é que os lotes estejam prontos para serem distribuídos à população o quanto antes possível”, finalizou.
A compra e distribuição da vacina coronavac têm sido alvo de constantes disputas entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governo do Estado. Na última semana, Bolsonaro desautorizou um acordo de intenção de compra das doses produzidas no Butantan assinado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, para distribuição no Programa Nacional de Imunizações. Em coletiva no dia 23, o governador Dória garantiu que caso não haja acordo com o governo federal, assumirá a distribuição para os brasileiros de São Paulo.
“Se diante de uma circunstância negacionista, em que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que mesmo com a aprovação da Anvisa o Ministério da Saúde não distribuirá nem permitirá o acesso dos brasileiros à vacina do Butantan, São Paulo tem um plano alternativo e os brasileiros de São Paulo serão imunizados com a vacina do Butantan com toda a segurança”, afirmou o governador.